Motivada por uma matéria publicada no site G1 em 13 de Janeiro de 2011, entitulada: “Movimento da Terra mudou signos do Zodíaco, dizem astrônomos” * resolvi colocar algumas questões a meu ver esclarecedoras antes que alguns comecem a difamar a Astrologia e denunciar sua suposta invalidação.
Em primeiro lugar cabe dizer que como todo campo de conhecimento, a Astrologia se apresenta em inúmeras abordadens e sistemas de compreensão que diferem se não totalmente, em muitos aspectos entre si.
O sistema astrológico mais difundido entre nós ocidentais é geocêntrico, ou seja, utiliza o planeta Terra como referência, 12 signos zodiacais e 10 “planetas”, incluindo aqui Sol e Lua, que obviamente não são planetas no conceito astronômico, mas simbolicamente têm mesmo efeito enquanto “astros errantes que transitavam pelo céu aos olhos do homem dos tempos primevos” - o próprio significado da palavra planeta. Neste sistema ocidental o Sol tem maior relevância e o ciclo essencial é o ano solar, ou o movimento de translação da Terra ao redor do Sol, por isso um período composto por 12 meses que equivale ao número de signos do zodíaco.
Se pensarmos em um ciclo lunar não é de se estranhar o acréscimo de mais um signo, já que o ciclo da Lua é marcado pela ocorrência de 13 luas em suas fases cheia e nova ao longo de um ano. Assim, existem outros sistemas que atribuem maior importância ao movimento lunar, por exemplo, outros que consideram a perspectiva heliocêntrica, ou centrada no Sol, a chamada astrologia sideral.
Voltemos ao assunto da mudança de signos. Uma coisa deve ficar muito clara: nesta astrologia ocidental geocêntrica um signo não é sinônimo de constelação.
O que ocorre é que desde que há aproximadamente 2.000 anos o marco zodiacal foi definido com a determinação do ponto vernal a 0 graus de Áries, a cada ciclo solar signo e constelação foram se distanciando em função de um fenômeno chamado de “precessão de equinócios”, que é determinado pelo movimento do eixo da Terra ao girar sobre si mesmo em um período aproximado de 26.000 anos, o que faz com que a cada início do ciclo astrológico (21 de março) o Sol nasça um pouco mais atrasado considerando a ordem dos signos.
Esta defasagem os astrólogos cármicos chamam de ayanamsa e qualquer um que procurar um astrólogo que trabalhe com este sistema verá que muito provavelmente seu signo será um signo anterior na ordem zodiacal, pois neste sistema essa diferenciação é considerada. É uma outra perspectiva, mas eu não diria que ambas são excludentes entre si (a sideral e a geocêntrica), pois a escolha de cada abordagem vai de cada um compreender o que busca quando escolhe um sistema astrológico e quais são as características que podem oferecer.
Isso de maneira alguma invalidaria a astrologia geocêntrica principalmente porque a astrologia “funciona” não porque os astros reais exercem influência emanando seus raios sobre nós, mas porque simbolicamente criamos ao longo de milhares de anos uma relação de unidade e identidade do homem com o céu, e este registro simbólico é herdado e integrado em nosso funcionamento psíquico e persiste atualmente, pois por mais que o homem tenha evoluído em muitos aspectos, existem coisas que são universais, independente de local ou época.
Este é o conceito a que o psicólogo suiço Carl Gustav Jung denominou arquétipo, ou tipos primordiais, e é essa energia que cada planeta representa neste sistema geocêntrico, como um núcleo energético que nos predispõe a vivenciar determinados tipos de experiência.
Por fim, podemos dizer que esta é uma abordagem culturalista da astrologia, que acredita que o fato de ter sido ao longo de muito tempo utilizada assim, o atraso causado pela precessão dos equinócios não perderia sua validade, sendo seu efeito explicado pelo fenômeno descrito acima. Assim, a escolha de cada abordagem vai de cada um compreender o que busca quando escolhe um sistema astrológico.
Se queremos utilizar a astrologia como uma forma de resgatar nossa relação com a natureza, talvez aí sim precisamos repensar nosso calendário e adotar um sistema talvez lunar de medir o tempo, quem sabe isso nos faria voltar a olhar para o céu, mesmo que não para se alimentar ou sobreviver, mas para intuir nossa unidade com o universo. Que assim seja!
* acessível no seguinte link:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/01/movimento-da-terra-mudou-signos-do-zodiaco-dizem-astronomos.html
Muito esclarecedor!!! Gosto muito da maneira que escreves ;-)
ResponderExcluirbeijoooooooooooooooooo
Giselli