17 dezembro 2009

Considerações sobre o Planeta regente para o Ano de 2010 - por Liz Tessmer

É comum vermos anualmente ampla divulgação acerca do planeta regente do ano anunciando tendências e previsões para o início de cada novo ciclo. Gostaria, no entanto, de tecer algumas considerações importantes a respeito da eleição de um planeta como regente do ano, o que também é tema de contradição entre os próprios Astrólogos.
Um dos métodos mais difundidos na mídia para o cálculo do regente seria a chamada “Estrela Cabalística de Sete Pontas”, ou ainda um outro com base em uma tabela fixa e sequencial utilizada pelos antigos Caldeus. A partir desta perspectiva, o planeta regente de 2010 seria Vênus.
No entanto, a Ordem Nacional dos Astrólogos e Cosmoanalistas (ABA) divulga anualmente uma nota criticando o cálculo do regente com base nos métodos que se utilizam de tabelas fixas, visto que em função da velocidade dos planetas não ser regular, a única tabela que poderia apresentar uma posição astral real seriam as Efemérides.
Assim, a ABA considera que a regência de cada ano deve ser calculada com o ingresso do Sol em Áries a partir de cada local da Terra. De acordo com esta consideração, não haveria um único regente do ano para todo o planeta como prevê as técnicas baseadas em tabelas fixas, o que é bastante plausível visto que a forma como cada contexto específico (seja uma nação, um indivíduo, etc.) vivenciará a influência astrológica certamente é diferente e depende do sistema cultural que o define.
Dentro desta proposta o ano astrológico se inicia em 20 de março e não em 1o de Janeiro, pois é nesta data que o Sol inicia um novo ciclo a partir do primeiro grau de Áries. Com o cálculo deste mapa astrológico, tendo como referência a capital Brasília/DF, o ano se anuncia com o destaque da presença de Marte junto ao Ascendente nos primeiros graus de Leão, ao passo que o signo que ascende é Câncer.
Seria então um erro considerar Vênus o regente do Ano? Para a Astrologia Científica proposta pela ABA, sim. Mas eu pessoalmente não deixaria de considerar a relevância de Vênus para o ano principalmente porque haverá a entrada do planeta Saturno em Libra, cuja regência é Vênus. Assim, Marte e Vênus como arquétipos de relacionamento trazem o foco para este tema, e ganham respaldo também com a entrada de Júpiter em Peixes.
Considero ainda bastante simplista eleger uma única técnica com o intuito de fazer previsões astrológicas para um ano. Talvez 2010 possa ser compreendido mais com base em fatos astrológicos importantes que se sucederão, como a mudança de signo de alguns dos planetas mais lentos, cujos efeitos são geracionais e não individuais, já que permanecem por tempo maior em cada signo. Pode-se citar aí além da entrada de Júpiter em Peixes e de Saturno em Libra, a entrada de Urano em Áries bem como a recente entrada de Plutão em Capricórnio, signo em que permanecerá por 16 anos.
Em 2010, há uma grande configuração planetária que envolve estes planetas, (Urano e Júpiter em conjunção opostos a Saturno e dinamizados por uma dupla quadratura em relação a Plutão – uma “quadratura-T") o que anuncia para o próximo ano um momento de mudança estrutural bem como a emergente necessidade de mudança dos padrões relacionamento, sejam eles pessoais, sociais e principalmente ambientais.
Esta é sem dúvida uma configuração astrológica de bastante impacto, mas não pretendo com isso alertar para fatos concretos que poderão emergir. Saindo do foco de alimentar a ansiedade que as previsões tendem a gerar na consciência individual, minha intenção é despertar nas pessoas o interesse por compreender nelas mesmas como a energia coletiva evoca os processos subjetivos e pessoais de transformação. Como afirmou certa vez Jung, o psiquiatra suiço:

“Se há alguma coisa errada com a sociedade, há alguma coisa errada com o indivíduo. E se há alguma coisa errada com o indivíduo, então há algo errado comigo“. (Obras Completas – C. G. Jung).

Nesta perspectiva, quando algo está prestes a emergir no coletivo, só se pode encontrar segurança e sanidade num firme senso de individualidade própria, o que se conquista com o processo de autoconhecimento.
Assim, vejo o ano que se aproxima principalmente como um chamado à consciência, aos processos de aperfeiçoamento pessoal, ao contato harmônico com as pessoas e com o meio ambiente.

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