
Como já expus aqui anteriormente, sou adepta de uma abordagem mais tradicionalista da Astrologia e não costumo levar em consideração em minhas leituras interpretativas a presença de asteróides e outros corpos celestes além dos luminares e oito planetas de nosso Sistema Solar.
Isso porque por um lado acredito que já temos milhares de anos de tradição astrológica que auxiliam em uma leitura sintética e também bastante profunda e que não necessita ser acrescida em cada novo corpo celeste descoberto, como que uma tentativa de nossa mente analítica em burlar a frustração mediante o fato de que também o verdadeiro Ser se esquiva do Astrólogo, e que por mais que possamos apreender os ciclos energéticos em linguagem simbólica revelada pelo céu, jamais seremos capazes de interferir no livre arbítrio do ser humano.
Por outro lado, meu crescente interesse por Astrologia Mundial me faz percorrer novos caminhos, e curiosa intentei através deste estudo compreender um pouco do significado atribuído aos cometas, motivada principalmente pela anunciação fervorosa e também polêmica do recente descoberto cometa Elenin.
Assim, proponho aqui um breve apanhado de informações astronômicas, astrológicas e também simbólicas sobre cometas, permeadas na herança do imaginário popular no que concerne esse esplendoroso espetáculo celeste, com intuito de suscitar algumas possibilidades de compreensão da passagem do Elenin próximo a nosso planeta.
Segundo James R. Lewis, o termo cometa provém do grego kometes e significa “cabeleira longa”. Astronomicamente, é um corpo menor do Sistema Solar composto de gelo, poeira e fragmentos rochosos que quando se aproxima do Sol exibe uma longa cauda como resultado do efeito da radiação solar sob seu núcleo.
Os cometas ão classificados em periódicos, não periódicos ou extintos, conforme o ciclo orbital e a possibilidade de retornar a se aproximar da Terra. Os períodos orbitais dos cometas variam bastante, desde poucos anos a centenhas de milhares. Alguns passam uma única vez no sistema solar interior antes de serem lançados no espaço interestelar.
Segundo informações disponibilizadas na Wikipédia, “acredita-se que os cometas de período curto tenham sua origem no Cinturão de Kuiper, ou em seu disco de espalhamento, que fica além da órbita de Netuno. Já os cometas de longo período, acredita-se que se originam na Nuvem de Oort consistindo de restos da condensação da Nebulosa Solar, bem além do Cinturão de Kuiper. Os cometas são arremessados dos limites exteriores do Sistema Solar em direção ao Sol pela perturbação gravitacional dos planetas exteriores (no caso dos objetos no Cinturão de Kuiper) ou de estrelas próximas (no caso dos objetos da Nuvem de Oort), ou como resultado da colisão entre objetos nestas regiões”.
No que concerne à Astrologia, tradicionalmente, a aparição de cometas no céu tem sido associada a fatos de ordem coletiva, e por isso estudados pela Astrologia Mundial. Sua relação mais evidente é ao temor que o fenômeno evoca, suscitando a ocorrência de um presságio funesto visto que é um fenômeno celeste atípico e mais raro, tal como os são os Eclipses.
André Barbault caracteriza a percepção deste fenômeno como a presença de “um visitante sobrenatural”, considerando as características de imprevisto e singularidade de suas aparições. O autor cita André Delalande que afirma que a aparição dos cometas “pressagia uma reversão no que está estabelecido e a probabilidade de morte coletiva por guerras, epidemias ou catástrofes naturais” (p.179). Obviamente outras técnicas devem ser associadas para que se possa elaborar previsões deste tipo, o que transcende o objetivo do presente artigo.
Do ponto de vista astrológico a simbologia dos cometas evoca a natureza do planeta Marte, dada a característica ígnea de sua cauda, e também do planeta Mercúrio, tendo em vista da fugacidade de suas aparições. Neste sentido, a característica bélica de Marte poderia ser indicativa de sua relação com presságios de guerras e mudanças violentas de status em termos coletivos.
Na associação com Mercúrio podemos ainda suscitar o cometa enquanto mensageiro dos Deuses ou “mediador entre diferentes mundos”, já que os cometas estabelecem um laço entre diferentes sistemas solares ou mesmo entre os planetas de um mesmo sistema, ao cortar suas órbitas ao longo de sua trajetória. Simbolicamente, este corte que a passagem do cometa provoca na aparente ordem celeste seria o anúncio de uma mudança abrupta de ordem coletiva.
Alguns povos antigos acreditavam que os cometas eram as almas de grandes homens que subiam ao céu e assim o associavam a uma queda de regime importante ou derrota imperial, ou ainda nascimento de um líder, tal como foi com o cometa que apareceu e “anunciou” a morte de Julio César entre os romanos e como ocorreu à época da queda de Napoleão.
Mitos, lendas e histórias que narram o nascimento do messias e de homens que contribuíram em grande escala para o desenvolvimento da humanidade também estão associadas a aparições de cometas, tal como o é a “Estrela de Belém” que anunciou o nascimento de Jesus, sendo esta estrela representada por longa cauda. Temáticas semelhantes são narradas referentes ao nascimento de Buda, de Sócrates, Confúcio, entre outros.
A simbologia evocada pela característica mercuriana do cometa enquanto mensageiro dos Deuses e mediador de mundos está também associada ao imaginário coletivo em narrativas de viagens realizadas na cauda do cometa. A este respeito, afirma Allan Kardec na Gênese que “...os cometas serão os guias que nos ajudarão a transpor os limites do sistema ao qual pertence a Terra, para nos transportar às regiões longínquas da extensão sideral” (p. 77).
O que podemos tirar destas informações? Mais que o temor pelo que poderá se susceder a herança simbólica que trazemos a respeito dos cometas nos diz que podemos estar também prestes a receber a oportunidade de uma abertura a novas energias, novas frequências que contribuirão para o fundamental processo de mudança que já estamos vivendo. E mudança eu entendo aqui como um processo de aperfeiçoamento da humanidade. Certamente que de um ponto de vista subjetivo cada um perceberá esta mudança energética de acordo com sua consciência e sua concepção do mundo.
No que se refere à possibilidade de ocorrência de eventos em termos objetivos, como catástrofes naturais, há muita coisa publicada no espaço virtual a respeito da associação do cometa Elenin à ocorrência de terremotos e tsunamis, principalmente nas datas em que o cometa está alinhado com a Terra, Sol e outros planetas. Encontrei um extenso estudo publicado em inglês feito pelo pesquisador Mensur Omerbashich (acesse aqui) que associa os alinhamentos a estes eventos e propõe que mudanças na atividade sísmica terrestre se dão mais por fatores externos do que por fatores internos ao planeta.
Outros artigos que vi na internet relacionam não somente os alinhamentos, mas também a aproximação do Elenin da Terra com o aumento de probabilidade ou do impacto destes eventos, cuja máxima ocorrerá na metade de outubro quando o cometa chegará a 35 milhões de km da nós. Observações recentes referiram a redução do brilho do cometa, o que suscitaria a possibilidade de ter sido extinto no espaço, mas esta informação ainda não foi confirmada.
Como mencionei, não tenho dados suficientes para afirmar a probabilidade de ocorrência destes eventos, o que requer uma aplicação minuciosa de técnicas complementares, mas chama a atenção o fato de o próximo alinhamento, marcado para o período entre 25 e 28 de Setembro, quando Elenin fará conjunção ao Sol, a Mercúrio e em 27 de Setembro também à Lua, ocorrer logo após o ingresso do Sol no signo de Libra, em 23 de Setembro, evento cujo mapa marca a característica energética da segunda metade do ano astrológico. Farei em uma próxima postagem uma análise deste mapa do ingresso solar para elaborar melhor estas idéias.
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