A
cada ciclo de revolução da Terra ao redor do Sol, a vida se renova. Esta é a
simbologia relacionada com o percurso que marca nosso calendário anual e exalta
o astro doador de vida, o Sol pela jornada ao longo dos 12 signos zodiacais.
Ali se retratam as etapas do desenvolvimento da vida, da manifestação da
natureza tão bem expressa nos marcos das quatro estações.
Embora
nosso calendário não esteja estruturado em torno deste ciclo, é nele que reside
a mais profunda simbologia associada ao crescer, amadurecer e morrer que rege a
vida na Terra. É portanto no marco inicial deste ciclo, quando no hemisfério
Norte se determinava o 0 graus de Áries, no equinócio de primavera, que a vida
recomeçava, anualmente.
Para
nós viventes do hemisfério sul, esta data se define no dia 20 de Março, quando
ocorre o equinócio de outono. O equinócio é o momento do ano em que se sucede o
cruzamento entre os planos da eclíptica, a aparente trajetória do Sol quando
observada da Terra, e o Equador, unindo a dimensão humana, terrena com a dimensão
celeste.
A
intenção deste texto é propor uma interpretação do ano astrológico, calculado a
partir do mapa traçado para o ingresso do Sol em Áries no ano de 2014, horário
de Brasília/DF, e relacionado com o mapa do Brasil, a fim de suscitar algumas
possibilidades de vivência coletiva desta energia no nosso país.
Antes de começar, preciso fazer algumas
ressalvas. Tenho lido muito sobre a ênfase dada ao planeta regente do ano, como
se isso realmente fosse a coisa mais significativa a se apontar em uma
interpretação.
Gostaria
de deixar claro que o percurso interpretativo de que me utilizo difere da tradição cabalística, baseada na Estrela de 7 Pontas, que estabelece para
2014 a regência do planeta Júpiter, por entender que esta técnica não se refere
a eventos astrológicos significativos do ponto de vista técnico.
Lamentável a ampla
divulgação na mídia de técnicas utilizadas de forma muitas vezes parcial ou
distorcida, forçando uma percepção viciada no leigo que se arma de inúmeros
argumentos para discutir o que sequer compreende.
Quem conhece meu trabalho
sabe a seriedade com que encaro a Astrologia e para estes creio ser este
esclarecimento desnecessário. Por outro lado, não pretendo impor nenhuma
leitura preditiva, apenas dialogar com os símbolos com os quais sintonizo pelas
lentes de técnicas amplamente estudadas e outras aprendidas com colegas e
profissionais mais experientes ao longo destes 22 anos de trajetória, desde que
comecei este caminho na Astrologia.
Pois bem, vamos ao mapa.
O mapa astrológico de 2014 se
apresenta com predominância do elemento água, elemento de qualidade úmida e
fria, que nos fala da introspecção e da característica emocional, ou talvez
passional que este ano revela, já que a qualidade predominante é cardinal,
então a característica emocional adquire uma tonalidade mais diretiva, que
inicia, se expressa.
O signo de água cardinal é
Câncer, que este ano se apresenta no ascendente, e a Lua, seu regente, está em
Escorpião na quarta casa em conjunção com Saturno.
Como signo predominante e
Ascendente do ano, Câncer trará fertilidade, criatividade, o país provavelmente
discutirá, falará e se preocupará mais com seus próprios recursos, com a
sustentação e a própria subsistência.
Será um ano em que o país
finalmente acordará para sua riqueza e buscará valorizá-la de uma forma justa e
acessível a seu povo?
A conjunção do regente Lua
com Saturno em Escorpião indica que este tema enfrentará muitos desafios. A
manipulação, as transações ocultas, o mal uso do poder, a corrupção. Tudo isso
se interpõe à possibilidade da fertilidade lunar se manifestar.
No mapa do Brasil, o signo
de Câncer está na quinta casa, e como setor relacionado ao entretenimento,
justo pensar na impactação que será para o país o Brasil enquanto sede da Copa
do Mundo, um evento internacional, como se pode relacionar à presença da Lua na
nona casa do mapa do país.
Aliás, a discussão sobre essa
impactação da copa do mundo já está ocorrendo há alguns meses. É bem possível
que o gigante tenha acordado e voltado a dormir, embora a energia sugira uma
tensão, um desconforto, uma implosão sobre o tema.
Por outro lado, Júpiter está
em ascensão neste mapa, e traz certa expansividade e afetividade no que
concerne os relacionamentos. Com o aspecto de trígono que estabelece à
conjunção entre Netuno e Mercúrio em Peixes, a dimensão afeto, compreensão,
intuição parece se exacerbar.
Peixes, Netuno e Mercúrio
são arquétipos hermafroditas, então muito possivelmente este aspecto favoreça
maior harmonia, compreensão ou mesmo conquistas jurídicas no que concerne a
questão da homossexualidade.
Outra configuração
importante que envolve Júpiter é o T-quadrado formado com a oposição de Júpiter
a Plutão, associado a uma dupla quadratura a Urano na nona casa, que no mapa do
Brasil recai sob a segunda. Uma mudança radical de valores, e também na
utilização dos recursos, na forma como temos nos comportado em relação àquilo
que possuímos. O desperdício, a má utilização de nossas vastas potencialidades,
a perversão institucional no país do pão e circo. Sob esta perspectiva, teremos
um ano tenso. Urano, no entanto, evoca a novidade, a ação de ruptura, a
mudança. Bem possível que alguma ação seja acionada a partir desta energia,
embora possa ser fugaz ou pouco consistente, dada a presença de signos
cardinais nesta configuração.
Será um ano bom, será um ano
ruim?
De um ponto de vista mais
individual, será um ano em que certamente deveremos nos observar mais em termos
emocionais e afetivos, pois este é o grande desafio para compreender ou talvez
aprender a lidar melhor com nosso aspecto de humanidade. A violência pode ser
nada mais nada menos que a dificuldade de amar, de expressar nossos
sentimentos. Vivemos em um modelo repressivo e punitivo, onde não há lugar para
a espontaneidade e a liberdade. Com a Lua junto a Saturno, buscamos levar a
sério e amadurecer em termos emocionais. Mas para isso um aprofundamento e uma
transformação pessoal (Escorpião) se fazem necessários. E para isso não há
nenhum outro caminho senão o autoconhecimento.
Feliz ano novo!